Peste e Estrangeiridade: o teatro e a linguagem como palco da condição humana
- Sandra Castro
- 21 de jun.
- 1 min de leitura
Atualizado: 22 de jun.
Na sua dissertação de mestrado, Sandra de Pádua Castro mergulha nas profundezas do pensamento do grande filósofo Albert Camus, tomando como fio condutor sua peça Estado de Sítio (1948) para investigar dois grandes temas que atravessam a existência humana: a peste e a estrangeiridade.

A peste, aqui, é mais do que uma doença: ela é figura do totalitarismo, da exclusão, da violência que corrompe o tecido simbólico das relações humanas. Já a estrangeiridade aparece como condição fundante do ser: somos estrangeiros em nossa terra, em nossa língua, em nossa pele — e, às vezes, a nós mesmos.
Dialogando com pensadores como Julia Kristeva, Artaud, Hannah Arendt, Homi Bhabha, entre outros, Sandra analisa como a peça encena múltiplos tipos de estrangeiros:
– o que se entrega à peste;
– o que resiste;
– o que se torna estranho a si pela perda de sentido.
É no teatro — arte efêmera, coletiva, corpo vivo — que esses dilemas ganham forma, carne e gesto. E é na escolha pela vida, pela revolta lúcida, que Camus (e Sandra) apontam caminhos. Como ela mesma afirma, trata-se de “desmetaforizar a peste” para compreender o mundo que nos fere, mas também nos convoca ao diálogo, à linguagem clara, verdadeira e responsiva.
A dissertação, além de um estudo literário e filosófico, é uma verdadeira meditação sobre o que significa ser humano em tempos de crise, sobre como a linguagem pode nos salvar e sobre como o teatro e a psicanálise podem ser lugares de verdade, escuta e reconexão com a dignidade.



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